quinta-feira, 21 de julho de 2011

Fim da primeira etapa

Colegas


Hoje terminei de postar os materiais do primeiro semestre da SAAI da EMEF Jorge Americano. Continuaremos o trabalho após as férias, mas com uma nova roupagem. A maior preocupação será em mostrar as adaptações na área de Matemática, Ciências e Geografia e o trabalho realizado com as crianças menores.
Aguardem...

Férias!!!

Festa na SAAI!

Vídeo da confecção dos livros em Braille pelos alunos da Estácio. Doados para a SAAI da EMEF Jorge Americano

LEITURA E ESCRITA











A vida de Louis Braille


            Louis Braille nasceu na França no século XIX. Contam que seu pai fazia selas e após um descuido deixou seu filho se ferir em um dos olhos. Braille era pequeno e acabou pegando uma grande infecção que o deixou cego.
            Como ele era muito esperto um padre conseguiu uma vaga para ele em uma escola para cegos.
            Foi Louis Braille quem inventou o Sistema Braille. Ele é baseado em um retângulo com seis pontos, que combinados formam letras, números e outros sinais.
            Os cegos utilizam o sistema braille até hoje para se comunicarem.


Turma da SAAI

ARTES






Dorina Viu

                             
Este livro conta a história de Dorina Nowill. Fizemos um trabalho de estímulo da visão residual, de leitura, interpretação, identificação dos desenhos em relevo e produção de uma reescrita coletiva. As meninas digitaram a história.


Dorina viu


            Dorina Nowill vivia em um sítio rodeada pela natureza. Acordava sempre às seis da matina e sempre brincava de bola e pipa. Certo dia ela acordou e não viu mais nada, havia ficado cega.
            Ela ficou muito triste, mas reagiu... Virou professora e ensinou muita gente a ler e escrever.
            A biblioteca Braille é uma de suas melhores obras, sempre ganhamos livros em Braille.



Obs. Depois as meninas fizeram a ilustração da história.






Bengalito

Este é o Bengalito:


A escolha da mascote

Queríamos uma mascote para a SAAI e depois de algumas contribuições acabamos escolhendo o desenho da Júlia. O professor de artes também participou, pediu para os outros alunos das séries regulares realizarem desenhos.
As crianças gostaram mais do desenho do ratinho por ser um personagem com características alegres e fácil de colocar em diferentes posições nos desenhos. O nome escolhido foi “Bengalito”.
            Apesar da Vanessa não ter ganhado a competição, a ideia é muito boa!  A roupa da personagem é uma cela Braille. Bem criativo!


terça-feira, 5 de julho de 2011

Carta aos professores

           
            Entramos no mês de julho comemorando, são mais de 600 acessos! Tem comentário no sindicato dos funcionários públicos elogiando, 13 seguidores e muitos e-mails de pessoas que estão gostando de nos visitar. Contudo, ainda não atingimos nosso maior alvo, nossos próprios professores. Fizemos então uma cartinha para eles:


São Paulo, 30 de junho de 2011

           Caros professores

           Estamos apresentando o trabalho da SAAI da EMEF Jorge Americano em um blog.
           A SAAI é a Sala de Apoio a Inclusão e o nosso blog tem diversas coisas legais, como redações, fotos, dicas, notícias, piadas, como trabalhar com a gente na sala regular e muitas coisas legais! Você vai gostar!
          Caso você queira saber mais coisas, fazer perguntas, conversar com a gente, dar dicas, mandar piadas e sugestões de coisas sobre deficientes visuais é só acessar nosso blog. Anote o endereço: www.lucianepradodv.blogspot.com
          Abraços,
                             Turma da SAAI




Professor Jefferson

           Ñessa atividade os alunos tinham como tarefa fazer um roteiro com perguntas e escolher o professor que mais gostavam. Raphael escolheu o professor Jefferson e a Creusa , mas entrevistou o primeiro.
           O professor Jefferson sempre pede para que eu transcreva o rap trabalhado em sala de aula regular para o braille. O Raphael adora e fica cantando a música o tempo todo. Observei que a leitura começou a fluir de uma maneira muito mais rápida.

Raphael - O que você acha de trabalhar com estudantes com deficiência visual?
Jefferson - Um grande desafio pois a universidade não nos prepara para situações deste sentido.

Raphael - Que tipo de adaptações você faz em suas aulas?
Jefferson - Escrevo pouco na lousa, exploro o assunto e espero participação verbal. Uso música para discussão e posterior transcrição do texto. Isto estimula a leitura e a participação.

Raphael - Qual a sua maior dificuldade?
Jefferson - A sala poderia ter menos ruídos externos. Ler o braille...

Raphael - O que você aprendeu com essa experiência?
Jefferson - Como é difícil conviver com as diferenças! O quanto a habilidade do professor exige criatividade e ousadia. Quando o trabalho dá certo, existe uma motivação para ir além da sala de aula.

Rir para não chorar!

Situações que detestamos:


Às vezes estamos com a professora Luciane, usando bengala e sempre tem alguém que olha e pergunta: “Ele é cego?” Dá vontade de responder: “Não, eu uso bengala porque é um “modelito” novo!” Victor e Gabriel

Detesto quando me perguntam se eu sou “zaroio”. Dá vontade de responder, não, eu entorto o olho porque eu quero.” Gabriel

Fico muito bravo quando perguntam: "Você é cego dos dois olhos?"
Não, eu sou cego dos dois braços. Gabriel

Detesto quando a pessoa fica me chamando toda hora de ceguinho. Eu tenho um nome, que é Raphael. Raphael

Quando ficam gritando no nosso ouvido. A gente não vê mas ouve muito bem. Raphael

Quando ficam perguntando: "Adivinha quem é?" ou "Sabe quem está falando?" Como se a gente fosse adivinho. Victor

Quando pergunto onde tem algo e a pessoa fala: “Tá aí, tá aí... Ai aonde? Direita, esquerda, em cima, embaixo... Bruna

Um dia eu estava na padaria e uma mulher falou: “Nossa, que menina branca! Por que minha filha você não toma um pouco de sol?" Ela é louca! Quando eu fico no sol eu me queimo toda. Vanessa

Quando perguntam: Ela saber ler? Claro que sei, eu só não enxergo muito bem... Vanessa

Um dia eu estava com meu irmão, também albino e uma mulher perguntou se eu era mãe dele, só porque ele é igualzinho a mim. Como eu podia ter um filho com 10 anos? Vanessa

Um dia foi uma mulher do posto de saúde em casa e eu estava almoçando. A mulher perguntou bem admirada: "Nossa, ela come?!" Vanessa

Geraldo Magela



            Geraldo Magela é um grande humorista brasileiro.
            Em sua página da internet ele conta que sua infância foi muito difícil, porque ele vendia picolés, refrescos, bolinhos, em vez estudar e brincar.
            Quando cresceu fez propagandas em uma loja que tinha produtos ruins. Ele conta que as blusas vendidas, quando lavadas, viravam camisetas para o irmão mais novo e as calças viravam shorts. Nós achamos que os shorts acabavam virando cuecas e as cuecas calcinhas...
            Na loja ele fazia imitações e elas eram boas e ele foi mais tarde convidado para trabalhar em rádios.
            Hoje ele participa de um programa de televisão famoso e faz todo mundo rir.
            Através de suas piadas ele acaba dizendo que todos devem respeitar os deficientes visuais.

Escrever, escrever, escrever...

            Vocês que estão nos acompanhando já perceberam que aos poucos estou postando as produções dos alunos, mesmo não seguindo rigidamente uma ordem cronológica. Os textos podem parecer à primeira vista pequenos, mas foi um grande percurso até a última produção do semestre.
            No início do ano os alunos produziam poucos textos, diziam sempre estar “sem ideias”, não sabiam como começar os desafios, possuíam vários erros ortográficos, dificuldades em segmentar o texto em palavras e os usuários do Braille, principalmente, conheciam poucas letras, pontuações e acentos deste sistema. Soma-se à problemática, o pouco contato que tenho com seus professores do ensino regular e as poucas possibilidades de trocas de saberes e experiências, algo que precisava ser alterado.
Sabemos que uma escola inclusiva privilegia as relações de cooperação e respeito entre os alunos, pais, educadores e a comunidade de forma ampla, mas deve ficar claro que estamos iniciando um trabalho, conhecendo pessoas, fortalecendo laços e a inclusão é realmente um processo...
Não podia esperar a parceria SAAI/escola regular surgir do nada, era preciso criar formas de promovê-la. A idéia do Blog partiu do Gabriel, um de meus alunos, que quer simplesmente que o mundo o ouça.
Ele sempre diz que é preciso que as pessoas compreendam suas dificuldades, mas mais do que isto, que acreditem em seu potencial. Ele tem apenas 13 anos!
Como professora, além da preocupação com a mudança de atitude frente à deficiência visual, pensei no Blog como uma forma de diálogo com as diferentes instâncias que atende estes alunos e vislumbrei este instrumento como uma excelente forma de estimulá-los a ler e escrever. Escrever, escrever, escrever...
Todas as produções do semestre são norteadas pela temática da deficiência visual. Pesquisamos o que é uma deficiência visual, pessoas famosas que possuem esta deficiência, literaturas sobre o tema, a legislação, o que estes sujeitos precisam para aprender melhor, notícias, fizemos a propaganda do blog, observação de outro blog, escrevemos uma carta para os professores e até mesmo lemos piadas sobre cegos, como a que consta acima. Ufa! Lembrando que encontro com os alunos duas a três vezes por semana e ainda precisamos trabalhar com outras questões como atividades relacionadas à assinatura do nome, o soroban, a orientação e mobilidade e não esquecendo é claro do lazer!
            Em minha dissertação de mestrado já havia concluído que independentemente de ter ou não uma deficiência, todos participam de uma maneira ou de outra da sociedade letrada. Todavia, pessoas com deficiência visual encontram limitações para o aprendizado da leitura e escrita em seu uso cotidiano, devido às dificuldades impostas pela sociedade e o desrespeito às peculiaridades dessa parcela da população: o sistema braille não faz parte do dia-a-dia e ainda não é reconhecido e estabelecido socialmente pela população.
             Segundo Ferreiro e Teberosky (1985 e 1997), crianças que não vivem experiências com livros e materiais escritos iniciam sua escolarização com poucos conhecimentos sobre a língua. Para as pessoas com deficiência, muito pior do que não ter acesso a portadores de textos, de ter problemas orgânicos, é o descrédito de suas potencialidades e da previsão de seu insucesso pelos pais, pela comunidade e por si mesmos.
O Blog motivou os alunos a escreverem. Sempre começamos com um texto trazido por eles ou escolhido por mim. Não é uma processo rígido, mas trilhamos mais ou menos este roteiro:

·         Realizamos a leitura dos diferentes textos, em Braille ou em tinta;
·         Localizamos as principais informações dos textos;
·         Realizamos um momento para um debate sobre o tema. Todos possuem o seu momento de falar, de responder perguntas, de formular questões, de dar opiniões...
·         Planejamos o que vamos escrever, realizamos rascunhos;
·         Produzimos textos em grupos, em duplas... Às vezes eu sou a escriba...
·         Atenção especial ao código Braille;
·         Revisão do texto do ponto de vista ortográfico, o uso de letras maiúsculas e minúsculas, repetições desnecessárias e preocupação com a concordância verbal e nominal.


Prestigie.
Boa leitura!



OS PILOTOS CEGOS

            Os passageiros entram na aeronave, se acomodam em seus lugares e
logo em seguida entra o comandante usando óculos escuros e segurando uma bengala. Ao vê-lo, a comissária de bordo aproxima-se dele, toca-lhe braço, o comandante põe mão sobre o ombro dela e seguem os dois em direção à cabine de comando. Pouco depois, entra o co-piloto, também de óculos escuros, segurando a coleira do seu cão. A comissária aproxima-se, acomoda o cão num compartimento especial, o co-piloto põe a mão sobre o ombro da comissária e os dois seguem em direção à cabine.
            Alguns passageiros ficam um tanto preocupados com o perfil da tripulação, mas a maioria não percebe nada diferente. A comissária fecha a porta da aeronave, faz a inspeção dos passageiros para assegurar-se de que todos estão com o cinto e senta-se em seu lugar. A aeronave dirige-se para a cabeceira da pista, os motores roncam e lá vai ganhando velocidade. Vai cada vez mais rápido, e ganhando velocidade, e ganhando velocidade, mas nada de sair do chão. Nisso, os passageiros percebem que já estão quase no finzinho da pista e nada de a aeronave decolar. E alívio de todos. Nesse momento, o comandante fala para o co-piloto:
- Qualquer dia desses essa turma não grita na hora certa e aí
estamos perdidos.