quarta-feira, 29 de junho de 2011

Blog

            O blog é uma página da Internet onde podemos colocar informações diversas.
           Nosso Blog vai ter fotos, redações, entrevistas, músicas, vídeos, comentários, informações sobre deficiência visual, jogos, sugestões de adaptações de materiais e as novidades da nossa sala.
            Existem vários tipos de blogs e o nosso é sobre deficiência visual.
Postaremos aos poucos os trabalhos que fizemos durante o semestre. Agora nós somos blogueiros!



Gabriel, Victor e Raphael

terça-feira, 28 de junho de 2011

Um pouco mais de Braille...

Como qualquer aluno podemos aprender os conteúdos específicos da matemática, a diferença é que os mesmos devem ser representados através do Sistema Braille. Veja que interessante:


É bem interessante, não é?

BRAILLE

O Sistema Braille



O alfabeto sem letras as acentuadas


Tente ler as seguintes palavras:




Nós já estamos aprendendo, agora é sua vez!

“Caldeirão da Lú”

Um dos jogos que os alunos mais gostam é o “Soletrando”. Realizamos de forma parecida com o que é feito em uma programa de televisão famoso. Neste jogo os adolescentes testam seus conhecimentos a respeito da ortografia das palavras. Apesar de ser uma competição e sempre ter um ganhador, eles adoram e acabam se divertindo muito.
Quando iniciamos o ano percebi que eles escreviam as palavras sem muita preocupação com a grafia correta, somava-se a problemática o pouco ou nenhum conhecimento do Sistema Braille. Não consegui suprir muitas defasagens, contudo me  sinto satisfeita em perceber que ao escreverem seus pequenos textos, já me perguntam se é com “X” ou “CH”,  e se a letra A acentuada é escrita com os pontos 1,2,3,5 e 6  (agudo) ou 1, 2, 4 e 6 (crase)*.
 

           Fizemos neste semestre nosso primeiro campeonato e a final foi disputada pelo Gabriel e Raphael. Aqui o abraço da vitória.


*O alfabeto Braille é formado pela combinação de seis pontos.

Reescrita I

Estudamos neste semestre a vida e obra de pessoas com problemas visuais sérios e até mesmo deficiência visual (baixa visão e cegueira). São histórias que nos contam como é possível, mesmo com uma grande limitação, superar as dificuldades, ultrapassar os obstáculos e vencer!



                                            FRANÇOIS AUGUSTE RENÉ RODIN


François Auguste René Rodin nasceu e cresceu em Paris. Seu pai era um escriturário do departamento de polícia. Embora a família não fosse rica, o ambiente em que Rodin cresceu era. Sua vizinhança constituía-se de uma comunidade de artistas, poetas, escritores e pessoas criativas. Costuma-se dizer que ele uma vez salientou que sua cidade natal, Paris, deu-lhe milhões de pensamentos... Contam que depois de 3 anos de escola ele ainda não conseguia escrever, um problema que continuou durante sua vida. Aos 10 anos, foi para a escola rural, mas sem sucesso, abandonando aos 13 anos. È possível que sua frustração e sua falha escolar fossem resultado de um problema grave de visão. Conta-se que ele tão míope, que não conseguia ver o quadro. Provavelmente por isso escolheu a escultura como seu meio de expressão, pois era mais tátil que visual. Rodin é considerado um dos melhores escultores de todos os tempos.

SMITH, D. D. Introdução à Educação Especial:  ensinar  em tempos de inclusão. Porto Alegre: Artmed, 2008, pág. 328



A história de Rodin

 
Rodin não enxergava bem e é provável que fazia esculturas porque se sentia melhor. Pela escultura conseguia sentir a obra pelas mãos.
Ele era um aluno ruim, mas não tinha problemas de aprendizado, apenas uma grande miopia. Rodin não enxergava a lousa, acabou desistindo da escola e virou um grande artista.
A história conta que ele nasceu em Paris, em um lugar cheio de poetas, escritores, artistas e etc. Ele não era rico, mas vivia com muita gente que sabia das coisas.
Ele é muito famoso, considerado um dos melhores escultores de todos os tempos.


                                                         Vanessa, Júlia, Débora e Bruna




A vida de Rodin


Rodin nasceu com uma grande miopia que o prejudicou na escola. Ele não conseguia enxergar o que estava escrito na lousa.
Ele reprovou muitos anos até que desistiu de estudar com 13 anos. Achamos que o professor dele só sabia usar a lousa para dar as aulas.
Rodin nasceu em um lugar cheio de artistas e isto fez com que ele gostasse deste mundo. Como ele não enxergava bem ele se dedicou a escultura. Criou muitas esculturas e ficou muito famoso.
Aprendemos que apesar da deficiência visual isto não o impediu dele ser famoso e talentoso.


                                                                                 Raphael e Victor

terça-feira, 21 de junho de 2011

Por que um blog?

Nós tivemos a ideia do blog porque queríamos que o mundo nos conhecesse.
Queremos um mundo sem bullying e que todos as pessoas com deficiência sejam respeitadas. 
Que todo deficiente visual tenha direito a material adaptado, bastante atenção e compreensão.

Raphael e Gabriel

Como me ajudar na escola regular - parte II

Ampliar as lições;
Ter alguém na sala de aula para me ajudar;
Eu queria que alguém me ajudasse a enxergar na lousa;
Preciso de material escolar, como aquele lápis preto grosso e um caderno que tenha uma linha um pouquinho maior;
Eu preciso de uma bola com guiso para a Educação Física;
Preciso de letras grandes para o computador;
Eu preciso de mais atenção na sala de aula;
Preciso de silêncio na sala de aula;
Não deixar a sala de aula muito bagunçada e nem muito lixo espalhado.

Bruna utilizando o computador com o recursos da tela ampliada

Como me ajudar na escola regular - parte I

1- Que alguém dite as lições da lousa para mim;
2- Que alguém mostre a escola para mim;
3- Preciso de material em braille;
4-Preciso de um ambiente silencioso na escola;
5- Preciso de mais atenção.
 
Victor Oliveira - 11 anos
 Sexto ano
 
1 -Ajudando a ler o que eu não entendo ou não enxergue.
2-  Explicar a lição bem de perto;
3 - Ir para o recreio comigo;
4 - Usar o  material que eu preciso com letra bem escura.

Vanessa - 10 anos
Quinto ano

Baixa visão

           Em relação à baixa visão sabemos que quanto mais a criança olha, utiliza sua visão, mais eficientemente será capaz de funcionar visualmente. Parto do princípio que esse processo é gradual, desenvolvido por etapas: usar a visão, ver e compreender o que se é capaz de enxergar, aproveitando o potencial nas atividades educacionais e experiências cotidianas.
           Na EMEF Jorge Americano  proporciono atividades em que os alunos investiguem seus próprios objetos, a própria sala de aula, ou seja, utilizando a visão de uma forma significativa e ecológica. 
           Ações que possibilitam um trabalho mais eficiente com os alunos de baixa visão:

  • Adequar a ampliação de acordo com a necessidade do aluno* (não ampliar mais do que necessite e menos do que precise);
  • Proporcionar ao aluno a escolha da distância e a posição de material de leitura;
  • Na utilização de recursos para longe, o aluno deve se sentar a uma distância fixa da lousa de aproximadamente 2 metros;
  • Utilizar suportes para leitura que elevam o material e proporcionam melhor postura para as atividades de leitura e escrita;
  • A sala de aula deve estar iluminada de forma uniforme, evitando sombras ou áreas escurecidas;
  • A iluminação natural é sempre aconselhável. Se não for suficiente deve-se usar uma luminária com luz direta/indireta;
  • Partir de elementos do ambiente para estimular a visão e favorecer o aprendizado;
  • Em explicações mais complexas, convidar o aluno a ficar ao lado da lousa,  acompanhando a explicação;
  • Possibilitar o acesso do aluno ao livro didático em tipos ampliados;
  • Utilizar a letra de imprensa maiúscula, cadernos com pauta ampliada e lápis 6 B, no início da alfabetização, sempre que necessário;
  • Em caso do uso de folhas mimeografadas nas séries iniciais, sugere-se que os traços sejam reforçados com caneta hidrográfica preta;
  • Utilizar melhor contraste na elaboração do material escrito e gráfico;
  • Associar visão e tato no trabalho com mapas e figuras em relevo, maquetes e outros objetos tridimensionais;
  • Possibilitar que algumas atividades sejam feitas com carbono, pois com esse material os familiares poderão ajudar o aluno deficiente visual a completar as tarefas escolares;
  • Escrever na lousa com letra maior e boa organização.
  • Coloque a mesa da criança perto da mesa do professor, do quadro-negro e da porta da sala de aula;
  • Estimule os alunos cegos ou com  baixa visão a usarem equipamentos auxiliares de tecnologia (óculos, ampliadores,telescópios);
  • Permita que a criança troque de lugar nas diferentes atividades, aumentando as oportunidades de ver e de ouvir; 
  • Elimine barulhos desnecessários;
  • Coloque os materiais em locais determinados, de forma que os alunos saibam onde cada item em particular, é em geral, guardado;
  • Mantenha as programações rotineiras para que o aluno saiba o que esperar no dia e na hora específicos;
  • Não saia da sala de aula sem avisar o aluno;
  • Explique as regras implícitas e explicitas para conduzir as os jogos e as situações sociais;
  • Estimule os alunos, com deficiências visuais a expressar suas necessidades visuais;
  • Repita oralmente as informações escritas no quadro-negro ou em uma projeção e dê ao aluno uma versão escrita.
  • Acredite que ele realmente pode se desenvolver!



        * Para meus alunos costumo adaptar algumas atividades enviadas pelos professores do ensino regular.
 

Orientação e Mobilidade

          Como afirma Garcia (2003), o desenvolvimento da orientação e mobilidade de pessoas com deficiência visual ocorre igualmente com qualquer indivíduo: desde o nascimento. A diferença se dá no tocante ao estímulo, o mais cedo possível, nas trocas sociais e por meio dos sentidos remanescentes, em princípio com a mãe, adquirindo ricas oportunidades de vivenciar espaços e movimentos. Na SAAI existe a preocupação em desenvolver várias estratégias e atividades para que o aluno possa se orientar e se locomover com autonomia e segurança.
           Atividades de orientação e mobilidade nas escolas devem ser realizadas por um professor especializado na área, pois envolvem uma gama enorme de conhecimentos específicos, fruto de estudos e observações construídos na área de reabilitação e incorporados à educação especial. O processo é dinâmico e passível de alterações, de acordo com os objetivos estabelecidos. Em linhas gerais, na SAAI, devido as restrições do trabalho, ele se inicia a partir dos dados de uma conversa e das observações das condições físicas e emocionais do educando. Particulamente aprecio o atendimento individual, de maneira flexível, pois depende das necessidades e condições específicas de cada aluno, respeitando as seguintes etapas:
- exploração do ambiente interno;
- técnica do guia vidente;
- técnica de autoproteção;
- mapa mental;
- técnica de uso da bengala: toque, varredura e deslize;
- orientação e mobilidade interna.

Um olhar especial para o xadrez

Iniciei os alunos no aprendizado do xadrez. Os primeiros conhecimentos foram apresentados através de histórias sobre reis, rainhas, torres... Quase todos os  adolescentes já se acostumaram com os movimentos das peças e principalmente com a teoria enxadrista. 
Possuo vários objetivos com este trabalho, entre eles que:
  • Desenvolver o raciocínio lógico, possibilitando o jogador a pensar com agilidade e estratégia;
  • Melhorar significativamente o poder de concentração e da criatividade.
  • Desenvolver o autocontrole psicofísico;
  • Desenvolver a capacidade de pensar com abrangência e profundidade;
  • Respeitar à opinião do interlocutor;
  • Estimular à tomada de decisões com autonomia.
  • Estimular a auto-estima, a competição saudável e o trabalho em equipe.

domingo, 19 de junho de 2011

Trabalho na EMEF Jorge Americano - Cartografia

Cartografia
 


           Crianças cegas ou com baixa visão, como qualquer outro indivíduo, possuem a necessidade de se locomoverem, consultar  mapas, guias de ruas para traçar um bom caminho. Embora essas ações pareçam banais, realizá-las com desenvoltura requer uma série de conhecimentos que só são adquiridos num processo de alfabetização diferente: a aprendizagem da linguagem cartográfica.
          Para a criança deficiente visual cores, formas podem e devem ser adaptadas para que ele possa aprender através de suas possibilidades de comunicação.
           Neste semestre foi possível trabalhar:
 
Leitura, interpretação e representação de espaços físicos conhecidos, como a casa, a escola e o bairro;
Aprendizado de símbolos e legendas;
Trabalho com noções de direção, sentido, proporção, escala gráfica e escala numérica.

Trabalho na EMEF Jorge Americano - Preparo de material adaptado

Preparo de material

              Um dos serviços que realizo é o preparo de material adaptado, como a transcrição para o braille e do braille para a tinta, confecção de jogos e livros infantis.
Acredito que as pessoas com deficiência visual podem atingir um desenvolvimento intelectual semelhante/igual ao dos videntes e diferenciações ocorrem em virtude dos diferentes caminhos traçados para a aprendizagem e a utilização ou não de recursos dos quais os indivíduos dispõem.  Nessa linha mestra, o material adaptado e o acesso a ele são de suma importância, destacando-se pelas possibilidades que oferecem de auxílio, suplemento,  reconhecimento e suporte na formação de conceitos básicos, contribuindo para o desenvolvimento da autonomia do aluno e de uma relação pedagógica eficaz.
              Muitos dos materiais que utilizamos são produzidos por meus alunos da universidade. Este livro que a Bruna está lendo é um exemplo.

Trabalho na EMEF Jorge Americano - Assinatura do nome

Assinatura do nome
O aprendizado do nome em letra cursiva é ensinado para que o aluno possa assinar seus documentos e o que mais necessitar. Em nossa sociedade, é a condição básica para ser considerado cidadão alfabetizado. Na EMEF Jorge Americano, desde tenra idade, os alunos são incentivados a realizarem esse aprendizado.

Trabalho na EMEF Jorge Americano - Matemática Adaptada

                Tornar acessível o conhecimento matemático ao aluno com deficiência visual é uma questão que preocupa os professores do ensino regular, desde a construção dos primeiros conceitos e principalmente a medida que este aluno avança nas séries escolares. Deve ficar claro, que o aluno com deficiência visual pode necessitar de recursos especiais, para que possa registrar suas atividades, realizando seus cálculos e resolvendo seus problemas.

Na séries iniciais os alunos fazem uso de diferentes materiais como os blocos lógicos, o material dourado, cuisinaire, tangran e o ábaco. Aprendem jogos e brincadeiras variadas para analisarem, interpretarem, formularem e resolverem situações – problema, compreendendo diferentes significados das operações envolvendo os números naturais.
               Este trabalho visa oferecer alimento a criatividade, ao imaginário, lógica,  raciocínio e a capacidade de resolução de problemas. O aluno tem contato íntimo com os números e seus múltiplos usos, familiarizam-se com formas, medidas e sua finalidade e uso, possibilitando que formulem e reformulem suas próprias hipóteses.
        Nas séries iniciais e mesmo aos alunos maiores é apresentado o sorobã, instrumento de origem chinesa, utilizado para contar e realizar diversas operações matemáticas.

Trabalho na EMEF Jorge Americano - Sorobã

            O sorobã é um instrumento de cálculo. Não foi inventado para o uso de deficientes visuais, mas tem mostrado uma eficiente aplicação para este fim.
           Foi em 1949 que Joaquim Lima de Moraes, adaptou o Sorobã para uso de cegos, após aprender a técnica com imigrantes japoneses.
           Com exceção de Raphael, os outros alunos pouco ou nada conheciam sobre este instrumento.

           Através do sorobã é possível realizar as quatro operações com muita tranquilidade!
           Pesquisas indicam que o uso do sorobã melhora a concentração, propicia uma observação mais atenta, o rápido processamento de informações e o cálculo mental.
 
Crianças com baixa visão podem usar sorobã?
 
          Qualquer pessoa pode usar o sorobã, independente de ter ou não uma deficiência visual. Sabe-se que a pessoa com baixa visão deve ter seu resíduo visual estimulado, mas o uso deste instrumento não impede que isto aconteça. O sorobã é apenas mais um recurso, dentro de tantas outras possibilidades, que favorece inúmeras habilidades, além de tornar o cálculo mais rápido.
         Certa dia Gabriel (foto) estava aprendendo potenciação e demorou aproximadamente quarenta minutos para executar o seguinte exercício (5³). Conclui que não era dificuldade de compreensão, no raciocínio, mas sim a impossibilidade real de visualizar a tarefa com nitidez. Assim, não deixando de estimular e utilizar a visão residual, mas acreditando na possibilidade de maior rendimento educacional começamos a utilizar o sorobã.
         Deve ficar claro que o uso do sorobã deve ser visto como mais um recurso, mais uma possibilidade de tornar sua vida acadêmica mais funcional. A utilização deve ser livre de preconceitos. Este instrumento é utilizado com ênfase nas culturas orientais, independente dos sujeitos terem ou não uma deficiência visual.
             Inclusão não combina com inflexibilidade!

Raphael

Primeiro aluno matriculado
 
Raphael é um encanto e um grande exemplo da importância da parceria da família com a escola para a construção da real inclusão.
 
Foi a partir da luta de sua família e a observação da necessidade de um atendimento especializado pela escola que a SAAI foi criada.
 
Raphael aprende tudo rapidamente, é extremamente “antenado”, espertíssimo e muito exigente. Colabora na avaliação de minhas adaptações e é o que mais solicita materiais.
O que mata um jardim não é o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
De quem por ele passa indiferente.
    Mario Quintana
 
                 A Inclusão não pode ser a representação do jardim lotado de flores, sem o devido cuidado... Visto com indiferença ou até mesmo não visto...
Nós profissionais da educação muitas vezes temos este olhar perdido por falta de reais condições para o devido cuidar e educar que envolve nossa prática. Não é fácil trabalhar com o mínimo, por tantas horas, com tantas flores ao mesmo tempo e algumas orquídeas que merecem uma atenção muito especial.
A Inclusão Educacional real obriga a uma significativa transformação dos sistemas educacionais, a completa eliminação de barreiras conceituais e atitudinais e o repensar de nossa prática, para que este jardim possa ser olhado da maneira e com o respeito que merece.

Nossos alunos e pais querem muito mais...

Comida
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...
A gente não quer só comida.
A gente quer comida
Diversão e arte.
A gente não quer só comida.
A gente quer saída.
Para qualquer parte...
A gente não quer só comida.
A gente quer bebida.
Diversão, balé.
A gente não quer só comida.
A gente quer a vida.
Como a vida quer...
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...
Titãs

Avaliando: O início do trabalho

Através das entrevistas com os pais e primeira avaliação dos alunos observei:
Pais:
  • Uma enorme esperança de que a criação da SAAI possa propiciar uma melhor inclusão educacional dos alunos...
  • Relatam que instituições existentes estão lotadas e ficam longe de suas residências;
  • Que possuem muitas necessidades de apoio, além da educacional -psicológico, atividade física adaptada, tratamento oftalmológico, estímulo da visão residual, orientação e mobilidade, AVAS, informática adaptada;
  • Preocupação com o futuro dos filhos, especificamente com o mercado de trabalho;
  • Poucas possibilidades de lazer...
 
Crianças
  • Enorme discrepância em relação a série e os conhecimentos adquiridos;
  • Problemas na locomoção independente;
  • Falta de conhecimentos específicos do sistema Braille;
  • Desconhecimento do instrumento para cálculo Soroban;
  • Pouco ou nenhum material adaptado as necessidades específicas;
  • Relatos de isolamento social;
  • Pouco ou nenhum treinamento específico da visão residual. 

Contribuindo para a inclusão educacional do aluno com deficiência visual

                 Nas conversas com os responsáveis, durante as matrículas, ficou muito claro um completo desalento. Estamos vivendo um momento histórico conturbado em termos de Educação Inclusiva, teoricamente a filosofia é praticamente perfeita, mas na prática estão todos muito preocupados, inseguros e com poucas condições para que de fato possam torná-la realidade.
Os pais relatam a boa vontade dos funcionários que cercam as crianças nas escolas regulares, contudo observam uma enorme falta de preparo destes profissionais e poucas condições efetivas para que a real inclusão aconteça (falta de materiais, rigidez de ações, salas com muitos alunos...) Afirmam que as crianças passam muitos momentos completamente ociosas nas salas de aula, que o pouco que aprendem muitas vezes se resume a integração social. Com muita simplicidade afirmam que o movimento de inclusão não pode ser entendido como eliminação dos serviços de Educação Especial. Ainda é necessário e talvez sempre seja...
               A abertura da escola para novos grupos sociais é um passo importante, mas não é o único. É preciso abertura para novos conhecimentos, novos diálogos...A democratização do ensino não pode ser pensada como massificação. É preciso parar de procurarmos culpados, literalmente “levantar as mangas” e criar novas possibilidades de troca de conhecimentos.  A ideia é de que este blog contribua para isto.

Adaptando materiais I

                 Os poucos materiais recebidos possuem o objetivo de ensinar o sistema Braille. Contudo, os primeiros alunos matriculados já possuem uma certa noção do sistema, precisando apenas de uma maior sistematização. Desconhecem acentos, as pontuações, o código matemático, foi preciso pensar em jogos mais voltados para a faixa etária do alunado.
O UNO foi um dos jogos que adaptei. Coloquei as figuras em tinta relevo e a parte escrita em braille.
          Os atendimentos na EMEF Jorge Americano, através da SAAI, tiveram início na semana de 22/02/2011. Antes deste período realizei as matrículas com os pais, preenchi as fichas com informações pontuais de cada aluno e iniciei as adaptações de alguns materiais. Comecei o atendimento sem muitos recursos e assim foi necessária uma preocupação em adaptar algumas atividades e recursos.
 
        Não tínhamos xadrez adaptado, por exemplo, acabei comprando purpurina preta e velcro e realizei minha própria adaptação.
 
        Para as peças pretas foi utilizada purpurina preta, ou seja, o aluno reconheceria a cor devido a textura diferenciada. Colei velcro no tabuleiro e nas peças, para que não houvesse problemas de fixação. No tabuleiro o velcro colado possui formatos diferentes. Casas brancas com velcro cortados em círculo e para as casas pretas formato retangular.
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Uma instituição consciente de sua responsabilidade precisa oferecer condições de acesso e permanência que atendam as necessidades de todos os seus alunos, independente de suas limitações físicas. Com o intuito de contribuir com o processo de inclusão educacional do deficiente visual a EMEF Jorge Americano abre sua SAAI de DV, visando promover uma educação  onde os alunos possam se sentir acolhidos, respeitados, com possibilidades reais de participação, atitude, em busca da verdadeira autonomia.
Neste Blog contarei um pouco deste trabalho, do início desta história, através de diferentes olhares...