quinta-feira, 8 de setembro de 2011

DORINA NOWILL

Os estudos referentes ao trabalho pedagógico com deficientes visuais no Brasil nos remetem à lembrança de uma das mais importantes e atuantes figuras do País: Dorina Nowill. A professora Dorina de Gouvêa Nowill nasceu em 1919, em São Paulo. Aos 17 anos, em virtude de uma patologia ocular, que a tornou cega, vivenciou as dificuldades para a continuação de seus estudos, principalmente no que se relacionava à aquisição de materiais em braille.
Apesar das dificuldades, foi a primeira aluna cega a matricular-se em São Paulo em uma escola regular, com alunos videntes, formando-se professora na Escola Caetano de Campos. Ainda como aluna, com a ajuda de alguns amigos, conseguiu que a escola implantasse o primeiro curso de especialização de professores para o ensino de cegos em 1945.
Após diplomar-se, viajou para os Estados Unidos com uma bolsa de estudos patrocinada pelo governo americano e freqüentou um curso de especialização na área de deficiência visual, na Universidade de Columbia, realizando estágios nas principais organizações de serviços para cegos (NOWILL,1999, passim). Em sua obra autobiográfica, a autora conta que nos EUA já havia classes especiais nas escolas comuns para cegos e integração no sistema escolar comum.
Fazíamos estágios nos serviços de educação do governo. Observávamos o que se chamava Classes Braille, hoje Salas de Recursos. Conhecemos todo o trabalho dos professores itinerantes e visitamos escolas públicas onde havia crianças cegas integradas. Fizemos estágios com os professores domiciliares. Orientação e Mobilidade, que se denominava locomoção, começou a surgir nessa época e se desenvolveu na sua forma presente com a criação e desenvolvimento dos processos de reabilitação (Ibid., p. 35).

Alunos realizando a leitura da história infantil sobre Dorina Nowill

A autora relata que naquele momento também já se discutia se o ideal na educação de pessoas cegas era ou não o ensino em escolas especiais ou no ensino integrado, o que ainda causa polêmica nos tempos atuais “Naquela época havia uma disputa entre os integracionistas e pessoas como Frampton, que achavam que a solução do problema era através das escolas residenciais só para cegos (NOWILL,1999, p.36).
Nowill relata que também conhecera “classes de conservação da vista”. Salienta que eram compostas por inúmeros equipamentos e recursos para crianças com visão subnormal, mas que hoje, em virtude dos auxílios ópticos – lentes de todos os tipos e formatos, circuitos fechados de televisão para ampliação de textos –, possibilitam a permanência com qualidade dos indivíduos de visão subnormal, na maior parte do tempo, na classe comum, desde que tenham recebido treinamento na utilização desses auxílios. Muitos conhecimentos foram difundidos a partir dessa época no que se relaciona à baixa visão. Hoje se considera que a criança não deve ter a sua visão preservada e sim estimulada.

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